domingo, 7 de abril de 2013

FÉ, FOME E CONCLAVE


Em tempos de eleição do Papa aumenta a exposição na TV dos interiores do Vaticano, com todos os seus maravilhosos salões e tesouros artísticos. Aumentam também nesse espaço as críticas de quem acha que a Igreja Católica deveria usar toda aquela riqueza para acabar com a fome no mundo, e ilustram seus posts com fotos de crianças africanas famélicas se arrastando por comida. Sem dúvida as pessoas que postam isso são muito bem intencionadas e o seu protesto é legítimo, porém na prática não é bem isso que acontece.

Primeiro porque todas aquelas obras de arte de valor incalculável, apesar de estarem sob a posse da Igreja Católica, reunidas e conservadas por séculos, hoje são patrimônio histórico, artístico e cultural de toda a humanidade e simplesmente não podem ser vendidas para comprar comida para os pobres. Além do que, isso significaria apenas uma fração do que é gasto anualmente com ajuda humanitária aos países pobres.

Segundo porque as igrejas, inclusive a católica, fazem muito pela fome por esse mundo a fora. O que falta não é o dinheiro. As verbas mundiais para ajuda humanitária à fome na África chegam à cifra dos muitos bilhões de dólares e grande parte dessas verbas é proveniente de programas de ajuda de igrejas do mundo todo, principalmente da católica, que tem missões de ajuda em quase todos os países da África. Atualmente existem milhares de missionários religiosos estrangeiros, custeados pelas suas igrejas, se dedicando a ajudar as pobres populações africanas famintas enquanto os corruptos e incompetentes governos locais são sempre omissos para com a miséria dos seus próprios cidadãos.

As bilionárias verbas de ajuda humanitária aos países da África escorrem pelos ralos e esgotos da corrupção endêmica dos atrasados e corruptos países africanos. Todos eles, sem exceção. Os "governantes", ditadores, militares ou civis, da maioria dos países da África são quase todos irresponsáveis, ladrões, corruptos, loucos, maníacos e genocidas, que usam os donativos internacionais, destinados ao combate à fome e à miséria, para financiar sua permanência no poder, sempre baseada na violência, para comprar armas e para aumentar suas contas bancárias no exterior. As diferenças tribais e étnicas também são usadas como instrumento político e provavelmente a triste foto da criança se arrastando por comida que anda circulando nesse espaço, deve ser de alguma tribo inimiga do ditador de plantão do triste país onde ela vive.

Culpar a igreja, ou os países ricos e adiantados, pela pobreza extrema e pela fome dos países africanos, causada sempre pela própria incompetência e pela corrupção local, é simplificar injustamente uma questão extremamente grave e complexa. A culpa é deles. Eu sei como é aquilo. Eu já trabalhei por lá.




                                                                                                                                               (Joaquim Terra)

Nenhum comentário:

Postar um comentário